Piloto fez curva para tentar voltar a Campo de Marte, diz especialista

admin

O piloto, engenheiro aeronáutico e professor da USP Jorge Leal Medeiros afirmou ao SPTV que o piloto do monomotor que caiu sobre uma casa ao lado do Campo de Marte, na Zona Sul de São Paulo, no sábado (19), fez uma curva à direita após a decolagem para tentar voltar em razão de uma possível falha. Além do piloto, seis pessoas morreram no acidente.

brazil-airplane-accident_nelson_almeida_afp-2

“Alguma falha de equipamento, alguma falha humana. O avião fez uma curva à direita e caiu. Pode se imaginar que ele tentou voltar em razão de uma falha. Tentou voltar para o Campo de Marte. Não teve tempo de fazer isso”, disse Medeiros ao SPTV.

Morreram no acidente Agnelli, ex-presidente da Vale, Andrea Agnelli, sua mulher, Anna Carolina e João Agnelli, seus filhos, Parris Bittencourt, marido de Anna, Carolina Marques, namorada de João, e o piloto, Paulo Roberto Bau.  A presidente Dilma Rousseff e a Vale lamentaram a morte do empresário por meio de notas.

A aeronave entrou na garagem da casa de três andares e a explosão comprometeu boa parte da estrutura e ainda queimou três carros que estavam dentro e dois que estava fora do imóvel. Os moradores conseguiram escapar pelos fundos. A casa vizinha também foi atingida. A rua Frei Machado fica a cerca de 500 metros da cabeceira 12 do Campo de Marte.

O tanque do avião estava cheio, o fogo se espalhou rapidamente e muito combustível vazou pela rua.”Era possível ver querosene descendo por duas sarjetas queimando tudo. Você pode ver que tem plantas os postes, tudo queimado”, disse Toni Sargologos, 46, morador da rua. Uma mulher que fechava o portão de uma casa vizinha ao imóvel atingido ficou levemente ferida e foi levada ao Pronto-Socorro da Santa Casa, na região central da cidade, e teve alta no sábado.

Um vizinho da residência afirmou ter visto o avião voando muito baixo, de forma estranha. Pouco depois, ouviu um estrondo. “Na casa tinha cinco pessoas que colocaram uma escada e saíram pelas portas dos fundos. Se não tivessem saído pelos fundos tinham sido queimados juntos”, disse Toni. Ele conta que saiu de sua casa para prestar socorro, mas foi impedido por causa do fogo que atingiu árvores e veículos na via.

A aeronave seguia do Campo de Marte às 15h20 deste sábado (19) com destino ao aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

Conforme o G1 antecipou no domingo (20), a aeronave era norte-americana e voava no Brasil de forma experimental – ou seja, em teste para verificação de critérios de segurança e operação.

O modelo CA-9, da norte-americana Comp Air Aviation, de prefixo PR-ZRA, não tinha nenhuma caixa-preta, caixa de voz e de dados, segundo a Força Aérea Brasileira. Por ser um monomotor e estar em caráter experimental, os dispositivos não são necessários, conforme a legislação brasileira, para este modelo de aeronave.

O modelo foi comprado por Agnelli e pertencia a ele desde dezembro de 2012, conforme os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O modelo estava com a documentação em dia e tinha capacidade para até 3.900 kg e 7 pessoas (incluindo o piloto). Ele é feito de fibra de carbono, tem asa alta e trem de pouso fixo.

No site da companhia consta a informação de que a aeronave ainda não tem data para certificação nos Estados Unidos. “Aeronave não certificada, voando em caráter experimental, não possui um nível de segurança confirmado para estar voando, é como se estivesse em teste, por conta e risco do proprietário”, explica o comandante Carlos Camacho, que atua na área de segurança operacional na aviação civil.

“Toda aeronave voando representa um risco, mas uma aeronave experimental ele é bem maior. É uma grande irresponsabilidade manter este tipo de quesito, deveriam ser criados ao menos critérios básicos para garantir a segurança de uma aeronave experimental, certificando-as e aprovando-as para voarem no país”, defende Camacho.

Enterro
O enterro dos corpos do empresário Roger Agnelli, ex-presidente da mineradora Vale, sua mulher Andrea, os filhos Anna Carolina e João e o genro, Parris Bittencourt, foi realizado no cemitério Gethsêmani, na Zona Sul de São Paulo, na tarde deste domingo (20). Eles morreram na queda do monomotor que atingiu uma casa no bairro da Casa Verde, na Zona Norte da capital paulista.

Os corpos da namorada de João, Carolina Marques,e o piloto Paulo Roberto Bau foram enterrados no interior de São Paulo.

Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/03/piloto-fez-curva-para-tentar-voltar-campo-de-marte-diz-especialista.html