Conscientizar a população masculina é o grande desafio do Novembro Azul

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Os cuidados com a saúde, geralmente mais presentes na vida das mulheres por questões culturais, ganham força junto à população masculina, durante o Novembro Azul, mês alusivo à saúde do homem. Na área da oncologia, a campanha serve de alerta para a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, tipo da doença de maior prevalência entre o sexo masculino no Amazonas. Segundo o cirurgião oncológico Marco Antônio Ricci, diretor-presidente da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), unidade vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (Susam), o grande desafio atualmente é promover a conscientização desse público específico.

Conforme a última projeção do Instituto Nacional do Câncer José Alencar (Inca), órgão subordinado ao Ministério da Saúde, a neoplasia maligna deve registrar, ao longo deste ano, 520 novos casos no Estado, uma média de 28 diagnósticos para cada grupo de 100 mil pessoas.

No Brasil, a estimativa aponta que devem ser acometidos pela doença 61,2 mil homens, ou, 61 pessoas para cada grupo de 100 mil, conforme dados da taxa bruta de incidência do Inca. Marco Antônio Ricci explica que, mesmo com diversas campanhas desenvolvidas ao longo dos anos, a categoria masculina ainda busca os exames preventivos e de detecção precoce do câncer de próstata, de forma tímida.

“Observamos aqui na FCecon, que ainda recebemos portadores de câncer com doença em estágio avançado, o que demonstra que os homens só procuram um especialista quando apresentam algum sintoma. Acontece que o câncer, em geral, é uma doença silenciosa, que quando sintomática, está entrando na fase avançada, estágio que dificulta o tratamento”. Destacou.

Ele explica que a população masculina ainda apresenta certa resistência para passar pelos exames de controle da saúde da próstata. O principal motivo é o preconceito, afirma o especialista. Ricci lembra que, quando mais cedo a doença for descoberta, maiores as chances de cura, principalmente nos casos cirúrgicos. “O tratamento no estágio inicial da doença, reduz também as chances de sequelas, a exemplo da impotência sexual. Por isso, aconselhamos os homens que não tenham medo de fazer, anualmente, o exame de toque retal e o PSA (sanguíneo), quando estiverem na idade indicada”, frisou.

Como o câncer acontece? – A próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga e à frente do reto, responsável por produzir parte do sêmen. No caso deste órgão, o câncer ocorre quando há o crescimento de massa tumoral nesta área, que pode levar até 15 anos para chegar a 1 centímetro. Marco Ricci explica que o desenvolvimento da doença é lento e, na maioria dos casos, ocorre em homens com mais de 65 anos. “Ao longo da vida, 1 em cada 6 homens desenvolverá a doença”, afirma.

O exame de toque retal é primordial para a descoberta da doença ainda na fase inicial e é recomendado a homens a partir dos 50 anos. No caso de histórico na família – quando pais e irmãos já tiveram a doença -, o teste deve ser feito a partir de 40 anos, por conta do fator hereditário. Também é indicada a realização do exame de sangue para a dosagem do PSA, o qual pode apontar alterações hormonais que podem ser um indício da doença.

Sobre a prevenção, o médico destaca que a adoção de hábitos saudáveis, que evitam vários tipos de doença, como as cardiovasculares, também se aplicam ao câncer. Entre eles, estão a redução do consumo de carne vermelha, a manutenção de uma alimentação rica em licopeno (presente, por exemplo, no extrato de tomate) e a prática de exercícios físicos com frequência. O consumo de cigarro e bebidas alcoólicas em excesso são alguns dos vilões que devem ser evitados e que contribuem, não só para o aparecimento do câncer de próstata, mas de outras neoplasias malignas.

Sintomas – Quando na fase inicial, o câncer de próstata é assintomático. Já em outros estágios, alguns sintomas pedem atenção redobrada e podem indicar a presença da doença ou outras anormalidades. São eles: fluxo urinário fraco ou interrompido, micção frequente, impotência, sangue no líquido seminal, dor ou odor na hora de urinar, perda de controle da bexiga ou intestino devido a pressão do tumor sobre a medula espinhal.