Indígenas do AM contraem Covid-19 na busca por auxílio

Camila Bonfim

A ida para as cidades em busca do saque do auxílio emergencial do governo federal fez com que indígenas do Alto Rio Negro contraíssem o vírus da Covid-19 e levassem o mesmo para a suas aldeias, segundo o Instituto Sócioambiental (ISA).

Em virtude disto, especialistas do ISA apontam um quadro de incerteza sobre a pandemia no Alto Rio Negro, devido a fatores como desconhecimento sobre o vírus, baixa testagem e insuficiência de dados. Mas reforçam que o aumento do fluxo entre comunidades e ambiente urbano tende a causar aumento de casos nos territórios indígenas.

Na cidade de São Gabriel (862.56 quilômetros de Manaus), o clima é de aparente normalidade. Ruas lotadas, comércio cheio, muita gente nos bares e na praia do Rio Negro, com poucas pessoas usando máscaras. O município vinha registrando queda nas internações nas últimas semanas e não há óbitos causados pelo novo coronavírus desde 27 de julho.

Desde 9 de julho a Semsa registrava entre dois e quatro casos de internação. Na última terça-feira (11), esse número passou para sete, havendo ainda dois pacientes transferidos para Manaus. Os casos incluem o das crianças Yanomami que foram transferidas no domingo passado da comunidade Maiá para o Hospital de Guarnição (HGU), administrado pelo Exército. Três delas testaram positivo, sendo que a quarta repetirá o exame, pois tem poucos dias de sintomas e o pai está com Covid-19. O teste rápido é aplicado normalmente após o oitavo dia da presença de sintomas.

No comparativo dos meses de junho e julho, as comunidades apresentaram alta mais acentuada que o ambiente urbano. Em São Gabriel da Cachoeira, entre 30 de junho e 30 de julho, os casos da Covid-19 tiveram alta de 22%, passando de 2.710 para 3.321. Já no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei Yanomami), a alta foi mais acentuada nesse período: 134%, passando de 151 para 353 casos.

Fonte: D24am