Sem oxigênio, vítimas morrem nos hospitais

Rose Portal

No dia que a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) registrou recorde no número de infectados, com 3.816 novos casos de Covid-19, totalizando 223.360 doentes no Estado nesta quinta-feira (14), pacientes graves, internados em unidades de saúde da capital, não resistiram à falta de oxigênio e vieram a óbito. A crise de oxigênio no Estado, causada pela falta de gestão e planejamento, fez com que, de acordo com profissionais da saúde, pelo menos sete pessoas internadas em UTI morressem pela falta do gás. No Hospital e Pronto-Socorro (HPS) Platão Araújo, zona leste, por exemplo, havia oxigênio apenas para esta quinta-feira (14).

Segundo o boletim da FVS-AM, foram confirmados 51 óbitos por Covid-19, sendo 44 ocorridos no dia 13 e 7 encerrados por critérios clínicos, de imagem, clínico-epidemiológico ou laboratorial, elevando para 5.930 o total de mortes por Covid-19 no Amazonas

Profissionais de saúde do HPS Platão Araújo informaram que o oxigênio que abastece a unidade só atende os pacientes até esta quinta. Algumas alas já pararam de receber pacientes. Médicos e enfermeiros precisaram diminuir a quantidade de oxigênio para cada paciente, a fim de prolongar a reabilitação dos internados nas UTIs e dos que chegam para atendimento necessitando do composto.

De acordo com a Prefeitura de Manaus, um total de 186 sepultamentos foi registrado, ontem, nos cemitérios da capital. Desses, 134 foram nos espaços gerenciados pela Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp), dos quais três optaram pelo serviço de cremação. Também foram registrados três óbitos oriundos de outras cidades. Já nos cemitérios particulares, 52 enterros foram realizados.

“Todo o trabalho de 10, 15 dias reabilitando pacientes vai ser jogado fora. Profissionais choram por não poderem ajudar. A falta de oxigênio compromete todos os pacientes na UTI e também os que chegam no momento”, informou um profissional que preferiu não se identificar.

Ainda segundo o profissional, já acabou o oxigênio no Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado. Pelo menos sete pessoas internadas na UTI já morreram.

Já o prefeito David Almeida, garantiu que o município ainda possui oxigênio para manter os serviços básicos que são obrigação da Prefeitura de Manaus.

Alerta antecipado

Em vídeo divulgado na manhã desta quinta-feira (14), o presidente do Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), Mario Vianna, disse que tem recebido informações dos profissionais de saúde sobre a falta de oxigênio nos hospitais do Amazonas.

O médico disse que os pacientes que necessitam de oxigênio estão sendo auxiliados pelos profissionais de saúde. O presidente do Simeam ressaltou que esta é uma situação que a categoria já havia alertado que poderia acontecer e fez um apelo às autoridades. “Transportar oxigênio de outros Estados em caráter de guerra é uma necessidade para se salvar vidas”, disse Mario Vianna.

Desespero

Familiares de pacientes que estiveram no Serviço de Pronto Atendimento (SPA) e Policlínica Dr. José de Jesus Lins de Albuquerque, no bairro Redenção, zona centro-oeste, ontem, clamaram pelo envio de oxigênio à unidade. Uma mulher compartilhou um vídeo informando que muitas pessoas estão morrendo.

Fonte: D24am