Saque do FGTS impacta mais Norte e Nordeste, aponta estudo

Camila Bonfim

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia divulgou um estudo mostrando que a liberação dos saques de até R$ 500 por conta ativa e inativa do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) terá impacto mais importante no aumento da renda familiar dos habitantes das regiões Norte e Nordeste.

“A medida tem efeitos positivos e relevantes para as famílias dessas regiões, principalmente para aquelas que possuem maior restrição orçamentária, o que dificulta a compra mensal de itens da cesta básica e o pagamento de dívidas em atraso”, considerou a nota técnica da SPE.

De acordo com o documento, os saques médios a serem liberados representam 21,5% da renda habitual média da Região Nordeste, e 20,1% da renda habitual média do Norte. No Sudeste, onde vive a maior parte dos beneficiários dos saques, o valor a ser liberado corresponde a 18,5% da renda habitual média dos trabalhadores.

O estudo cita ainda dados do SPC Brasil que mostram que 44% das pessoas com dívidas no Nordeste têm débitos de até R$ 500, enquanto na região Norte esse porcentual é de 42%.

“O valor liberado para o Saque Imediato possibilitará que uma parcela significativa de pessoas físicas dessas regiões quite seus débitos, limpando o nome junto a instituições financeiras, e evitando desta maneira a contratação de dívidas, que serão reajustadas a valores de mercado, o que poderá aumentar significativamente o valor futuro deste montante”, avaliou a SPE

Por outro lado, considerando o volume bruto liberado do FGTS como proporção do Produto Interno Bruto (PIB) de cada região, os saques terão mais relevância para o Sudeste, chegando ao equivalente a 0,64% do valor dos bens e serviços produzidos nesses Estados. Nas regiões Sul e Nordeste, essa proporção ficará em 0,56%.

“Analisando-se esse porcentual desagregado para os Estados, é possível observar que ele é particularmente elevado para São Paulo (0,70%), Goiás (0,60%), Ceará (0,59%) e Alagoas (0,59%)”, destacou a SPE.

Trabalhador vai gastar R$ 3,3 bi do FGTS e PIS em vestuário

A liberação de saques de FGTS e PIS/Pasep deve dar uma injeção de ânimo ao varejo de vestuário, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Os trabalhadores devem gastar R$ 3,3 bilhões dos recursos resgatados em compras de peças de vestuário, na estimativa da confederação do comércio.

Segundo Fabio Bentes, economista da Divisão Econômica da CNC, há uma demanda reprimida por esse tipo de bens, mas o limite mais baixo dos saques este ano (até R$ 500) deve contribuir para que esse setor do varejo absorva uma fatia considerável dos saques disponibilizados.

“O tíquete médio do setor permite mais a utilização desses recursos do que, por exemplo, na compra de veículos”, explicou Bentes.

A equipe econômica prevê que as medidas do governo injetem R$ 30 bilhões na economia brasileira este ano, além de outros R$ 12 bilhões em 2020. Os saques começam em setembro. Dos R$ 28 bilhões do FGTS e R$ 2 bilhões do PIS/Pasep a serem liberados entre setembro e dezembro de 2019, 11% devem ser gastos no segmento de vestuário.

Fonte: D24am