Governador revoga aumento salarial do alto escalão após desgaste e repercussão negativa

Camila Bonfim

Após duras críticas e repercussão negativa, o governador Wilson Lima revogou, nesta quinta-feira (9), a Lei Delegada 122/2019, que alterava a remuneração do alto escalão de seu governo. A revogação, disse Wilson, foi uma necessidade de manter medidas de austeridade para recuperação sustentável do equilíbrio das contas estaduais. A decisão foi tomada, segundo o governador, após conversas com a base aliada, técnicos de governo e com a população em redes sociais.

“Em nenhum momento houve ilegalidade na mudança do critério de remuneração, não houve aumento na folha de pagamentos, mas decidimos dar um passo atrás, conversando pessoalmente os deputados da base aliada, com as pessoas nas minhas redes sociais. Entendemos que continuamos no processo de austeridade e, por isso, o aumento está revogado”.

No entanto, a opinião do governador não é compartilhada por deputados estaduais. O deputado Serafim Corrêa (PSB) disse que o governo está sem rumo. “O governo (do Amazonas) ter voltado atrás só revela que ele é um governo sem quilha. É a canoa que está à deriva. Porque como é que três meses atrás era importante dar esse aumento e três meses depois não é mais importante dar o aumento? A verdade é que a opinião pública ainda tem peso, e hoje não se trata mais da opinião pública de Manaus ou do Amazonas, é a opinião pública nacional. Hoje (quinta-feira, 9), o jornal O Globo, em seu principal editorial, mostra a irresponsabilidade do Governo do Amazonas com as suas finanças. Eu espero que isso sirva de lição e que o governo, daqui para frente, passe a agir de forma responsável com as finanças públicas estaduais”, disse o parlamentar.

Como já disse Serafim, o jornal O Globo fez duras críticas à medida e publicou texto intitulado “Amazonas extrapola e aumenta salários de servidores em até 475%”, o impresso afirma que “o governador privilegiou, ainda mais, a elite da burocracia. Num estado de quatro milhões de habitantes, cuja renda média beirava o salário mínimo (R$ 988), até setembro os chefes de departamentos recebiam R$ 5,2 mil. Desde novembro, a remuneração desses gestores amazonenses subiu para R$ 29,9 mil” afirma a publicação.

Ainda nesta quinta, o deputado estadual Wilker Barreto (Podemos) afirmou que a decisão do governo foi uma vitória do povo e alertou que a atual gestão precisa ter mais sensibilidade com seus atos administrativos.

“Isso foi uma vitória do povo, dos segmentos da sociedade e dos deputados que estavam contrários à matéria. O ato imoral só foi derrubado por pressão popular. Eu vejo como um gesto de maturidade do Governo, que precisa ter a sensibilidade para rever seus atos. Esse é um dos vários atos administrativos que hoje lesam o Estado”, afirmou o deputado.

Fonte: D24am