Estado planeja reabrir comércio, mesmo com mais de 29 mil casos de Covid-19 no AM

Camila Bonfim

Em entrevista neste domingo (24) ao canal CNN Brasil, o governador do Amazonas, Wilson Lima, disse que vai analisar nesta segunda (25) o planejamento para a retomada gradual das atividades econômicas a partir do dia 1º de junho. Ele ressaltou que a abertura mínima da atividade econômica no início do mês que vem está condicionada a diminuição de mortes causadas pelo novo coronavírus na cidade e que caso o número de casos volte a aumentar com a abertura do comércio, as medidas restritivas como o fechamento do comércio vão ser adotadas novamente.

O governador Wilson Lima disse que essas medidas são baseadas na diminuição de enterros registrados na capital Manaus. “Desde a semana passada que sentimos uma queda significativa do número de óbitos por coronavírus. A gente tem acompanhado muito o número de enterros que tem acontecido na capital, que é um parâmetro mais seguro. No final de abril e início de maio, houve um dia que foram 167 enterros. No sábado (23), houve 48 enterros. Então nós tivemos uma diminuição significativa”, acredita o governador.

Segundo o boletim divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS), no sábado (23) houve 51 sepultamentos na cidade de Manaus. E, de acordo com dados divulgados também no sábado, foram registradas 75 mortes a mais de pessoas vítimas do novo coronavírus em relação ao boletim divulgado na sexta-feira (22). Quarenta e três mortes ocorreram de sexta-feira para sábado e 32 mortes registradas em outros dias tiveram a morte pelo vírus confirmada.

No domingo (24), de acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), o Estado registrou 1.065 novos casos de Covid-19, totalizando 29.867 infectados pelo novo coronavírus. Já o número de óbitos subiu para 1.758.

Nesta segunda-feira, o governador pretende reunir com sua equipe para traçar estratégias para abertura gradual do comércio já no dia 1º de junho, mas que isso vai depender da diminuição de casos nesta semana. “A gente vai observar ainda esta semana como os números se comportam para no dia 1º de junho retomar essas atividades de forma gradual”.

Segundo pesquisa divulgada pelo jornal ‘O Estado de São Paulo’ na sexta-feira (22), o Amazonas lidera a lista de pior desempenho no combate ao novo coronavírus entre as 27 unidades da federação, e está nessa posição desde o início do acompanhamento do Centro de Liderança Pública (CLP), em 1º de abril.

“Precisamos de uma volta gradual, pois muita gente perdeu seus empregos, muita gente que atua na informalidade e essas pessoas já estão sem recursos. Em algum momento as pessoas precisam sair de casa para garantir o sustento de suas famílias. A nossa dinâmica social no Amazonas é diferente de outras regiões do Sul e do Sudeste. É diferente da dinâmica social da Europa e de países onde você consegue fazer um lockdown, com medidas mais restritivas. Aqui nós temos medidas restritivas. Eu tenho colocado toda a força de segurança na rua, mas a nossa abordagem é feita pelo convencimento. Em nenhum momento nós partimos para o confronto com o cidadão, porque nós entendemos o quanto o nosso povo está sofrendo com essa pandemia do coronavírus. É por isso que a gente tem que ter muita cautela nesse momento. Mas nós precisamos do mínimo de atividade econômica em funcionamento”, disse o governador à CNN Brasil.

Interior

O Amazonas registrou no sábado (23), 1.764 novos casos de pessoas infectadas pelo coronavírus, que é o maior número registrado até o momento em apenas um dia. Os números no interior do Estado já representam mais da metade de todos os casos registrados no Amazonas. Sobre o aumento de casos em municípios do interior, o governador disse apenas que está monitorando. “É importante haver uma queda na capital. Houve uma subida dos números do interior e isso nós estamos acompanhando também muito atentamente”, disse Wilson Lima.

O governador foi questionado pelo apresentador Phelipe Siani se devia esperar para que a curva dos casos diminuísse, já que o Amazonas ainda é o quarto Estado com o maior número de casos e mortes pelo novo coronavírus.

“Nenhum Estado brasileiro tem a condição necessária para fazer uma testagem em massa para entender a que ponto nós estamos da pandemia. Provavelmente o Amazonas deva ter sido o primeiro Estado a atingir o seu pico da doença, e o que a gente tem observado nos últimos 10 a 15 dias é que houve uma diminuição significativa. Nós não sabemos o que pode acontecer no futuro. O vírus ainda é desconhecido. Há muita coisa que pode acontecer e isso pode variar de região para região, de país para país e todas as decisões que nós estamos tomando são baseadas em modelos que já foram exitosos e que deram certo. As pessoas precisam ter segurança alimentar, precisam estar alimentadas. O pai de família tem que dar sustento para a sua família. Então, a gente está tentando encontrar esse caminho do equilíbrio”.

Fonte: D24am